quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Envelopes
Cerimônia e Carnaval.
O estraga prazeres
Verdades
Mesmo assim, muito real: por trás das nuvens cinzas de um dia chuvoso, existe um Sol pulsante, quente, energizante. E eu o vi.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
A visita
Helios Megistos
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Vai prá onde?
Tontura. Formigamento nas mãos. Suor seco.
Não é a morte que se aproxima. É uma decisão. Quase a mesma coisa.
domingo, 28 de agosto de 2011
No terreno da galhofa.
Ferreira Gullar e Augusto de Campos costumavam ser santos da minha maior devoção, até que deram de se engalfinhar por questões que não chegam a me comover. Não basta a grandeza da obra, a legenda de Augusto e Haroldo, a bela história do Poema Sujo?
Pouco me importa saber quem descobriu a América, até porque todo mundo sabe que os índios é que merecem maior crédito nessa história. Brasileiro adora luta livre, mas poucos se dão ao trabalho de ler as catilinárias com que poetas, em geral mais jovens, longe da maturidade estética e emocional, se estocam na ânsia de mostrar quem tem maior verso, melhor prosa e mais potente porretada linguística.
Ferreira Gullar narra hoje que “todas as pessoas informadas nesse terreno” (nas quais não me incluo, diga-se) “sabem que fui eu quem inventou o nome ‘neoconcreto’”. Daí tira inúmeras consequências capitais para as artes plásticas nacionais (Ilustrada de 28/08/2011).
Longe de brigar com o poeta, que continuo admirando, e muito, vou seguir seu exemplo. Deixo de lado, desde logo, a máxima tantas vezes repetida, de que “elogio em boca própria é vitupério” e passo, por uma vez, a me vangloriar de um batizado que, se não é tão importante, nem tão fértil, teve o dom de ser mais popular.
Mesmo as pessoas bem informadas nesse terreno ignoram solenemente que fui eu o criador da expressão “O Fino da Bossa”. No início de 1964, antes que os militares aparecessem, comecei com dois colegas da Faculdade de Direito a planejar um grande show de bossa nova em São Paulo, até então tida por Vinicius como o túmulo do samba.
Nas intermináveis discussões que sempre fazem parte das preliminares do espetáculo, a artista plástica que desenhou o cartaz achou o nome muito perigoso, pois podia facilmente resvalar para “O Fino da Bosta”. Venceu a maioria destemida e o show, realizado em maio no Teatro Paramount, entrou para a história da MPB, como narrado amplamente na literatura especializada, em versões sempre bastante distantes do que aconteceu de verdade.
Depois, já sem a minha amadora e distinta companhia, Horácio Berlinck levou o nome para um programa da TV Record, de enorme popularidade, com Elis Regina e Jair Rodrigues. Elis, ao contrário do que reza a lenda, não participou do show original, ao contrário de Vinicius, Baden, Chico, Sergio Mendes, o Tamba Trio, o Zimbo Trio e tantos outros. O grand finale ficou por conta de Alaíde Costa e o conjunto de Oscar Castro Neves. “Onde está você...”, alguém ainda se lembra?
No meu caso não haverá celeuma, espero. Uma boa pesquisa pode comprovar o que digo, pois na época tivemos o cuidado de registrar a marca no INPI, o que foi feito em meu nome. Como o show original fora feito em benefício da AACD, chegamos a procurar Paulinho Machado de Carvalho, na Record, reivindicando um royalty para a AACD. Nada feito.
O único lucro da empreitada foi termos rido muito, na sala de espera, onde Jô Soares e Juca Chaves também tomavam chá de cadeira e davam um verdadeiro show de humor. A emissora achou uma solução esperta, trocou o nome do programa para “O Fino...” e ficou por isso mesmo, nós e a AACD ficamos a ver navios. E muita gente ainda acha que “O Fino da Bossa” foi apenas o programa da Elis na TV Record.
Embora possa, se preciso, mostrar evidências desse batismo ilustre, garanto que a escolha de tão inspirado nome não teve qualquer influência posterior, positiva ou nefasta, nos rumos da música popular brasileira.
Apesar de ter carregado o violão de Chico Buarque, meu colega de Colégio Santa Cruz, que cantou de graça muitas vezes no programa “Primeira Audição”, que fazíamos antes com João Leão, na mesma TV Record, toda a criação e sucesso do nosso “Carioca” se deve exclusivamente ao seu extraordinário talento. João Gilberto vai fazer oitenta anos e também nada deve ao meu talento vocabular.
Longe de brigarmos com os cariocas, começou ali um intercâmbio duradouro entre músicos das duas praças. Luiz Eça reconhecia que Chico tinha talento, mas achava que Edu Lobo é quem iria mais longe. Os dois viraram parceiros e grandes amigos. Felizes os músicos, que resolvem suas diferenças no terreno da galhofa. Uma boa lição para os poetas de todas as gerações.
Assalto a concreto armado
Estenógrafo
Rio
Poesia do submundo, rap da sociedade.
Fernanda, Jorges e Santos cantam a exaustão seus primores e odores.
Apegada a um passado nem tão distante, desencontrada busca futuro.
Mais que o Cristo, tem no Sol seu maior companheiro.
sábado, 27 de agosto de 2011
Sábado, afinal.
Déjà vu
Santo Pipoco
De tão atrasada, chegou só no dia seguinte
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
26/08 eva
O sofrimento da avenca
Tudo o que ela sabia sobre aquelas pessoas era o nome (de todas) e a profissão (de algumas). Não sabia de onde vinham e pra onde queriam ir, se tinham filhos, gatos ou cachorros, se tinham um marido ou uma esposa em casa, se gostavam de café curto ou com leite, se estavam felizes ou tristes naquele dia. Mas era com elas que ela dividia esse amor pelas palavras desenhadas no papel e qualquer outro detalhe dessas vidas não era importante para aquele momento. Eles se bastavam no papel. O papel bastava para eles, escrito ou em branco - branco que eles logo preencheriam. Só ela não conseguia. As horas passavam, ela já tinha almoçado e feito uma reunião, mas o papel ainda continuava com poucas letras. Ela procurava por algo especial, uma história original e bem contada, ou ao menos uma das duas coisas. Eles mereciam. Mas quanto mais pensava nisso, menos escrevia. Sentia uma leve pressão na nuca e nos ombros.
Eles haviam se juntado porque gostavam das letras. Das letras uns dos outros. E gostavam de rir e de vinho e de charuto de folha de uva e de doce de leite porque ainda não haviam provado mel. E há pouco tempo cultivavam avencas, cuidadas diariamente.
A ideia era apresentar um texto. Ela queria que fosse um presente, um conto que lhes agradasse, não para satisfazer seu ego, mas porque eles mereciam ser agradados. Ela gostaria que fosse assim, mas nada saía de sua cabeça cheia de concretudes e ela pensou em ter uma dor de barriga. Ah, pior do que isso só matar a avó.
Ela ficaria feliz naquela noite, eles sabiam produzir belíssimos textos. Enquanto sofria ela ouvia a voz de cada um lendo sua própria produção literária. E a sua? Não tinha texto, não haveria voz. Estava quase vomitando. Ah, se vomitasse uma história. Nem isso.
O tempo acabou. Ela iria assim mesmo, sem dor de barriga e sem matar as avós já mortas. Iria pedir desculpas por não apresentar nada de belo e um pouco de colo por esse vazio criativo.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
25 de Agosto de 2011.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Faltei!
Linhas sem poesia, mas cheias de boa intenção.
Rituais
VIDA DE AVENCA
vida pulsante...
que importa a eternidade,
se eu tenho esse instante?
terça-feira, 23 de agosto de 2011
terça-feira nesta vida
"Se a tua estrela não tá brilhando mais, pelo menos não apague a minha."
(caminhãozinho-baú cometendo barbaridades no trânsito de Pinheiros, às 8h20 da manhã)
"Meu alternador pifou. Hoje não sirvo nem pra ser guinchado."
(hora do almoço na cafeteria da Livraria Cultura, no shopping Market Place)
"Tou me virando mais que bolacha em boca de velho"
(de um amigo gaúcho, atualmente desempregado, num s.o.s básico por e-mail)
"O médico falou que eu posso comer de tudo, é só não engolir."
(de um colega de trabalho que voltou da licença depois de seis mamárias...)
"Paciência. Só panela é que funciona sob pressão."
(eu, comigo mesma, na hora de encerrar o expediente com uma lista de pendências ainda maior do que a de ontem...)
Paixão
Hoje eu me apaixonei, mais uma vez. Sou apaixonada por me apaixonar.
23/08 eva
Homenagem
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
22 de Agosto de 2011
Aconchego
Sol humano
infância feliz
O direito de raspar com o dedo as sobras do tacho era motivo de briga e separação definitiva entre irmãos. A gente pecava todos os pecados por causa da gula. Também...
Hora do lanche: sobre uma grossa fatia de pão caseiro ainda quentinho e recém assado no forno de barro, uma generosa camada de marmelada fresquinha, recém apurada, e ainda por cima uma cobertura de nata batida - a puína, como diziam naquele dialeto misturado de alemão e italiano.
(Essa chimia devia ter umas 30 mil calorias, e justamente no verão, mas é que naquele tempo não havia frutas fora de estação).
Se lembro disso agora é só porque o frio é mestre em abrir apetites. (MZ)
AVENCA INSPIRADA PELO VENTO DE INVERNO
uma avenca avoada, que para não resvalar no vácuo da vida
vacila verdejante por entre as vias verbais,
dando voz ao volátil, ao vetado, ao vertical...
Um dia perfeito pro meu espírito
Não, hoje não será um dia perfeito pro meu espírito, mas vai ser muito bom pro meu corpo, pra minha mente e pro meu coração.
domingo, 21 de agosto de 2011
21/08 - eva
21 de Agosto de 2011
inventário de um domingo
10h00 - Depois do banho procuro um pouco de alegria:
12h00 – Fiz massa (resolvi dar um dia de folga para a dieta), arrumei a casa, tirei o lixo, alimentei as plantas e descobri poeira em todas as gavetas e armários. Vou começar uma faxina agora e amanhã dou uma advertência na Gil. Sem coragem de ligar para a Rô. Faço isso mais tarde.
16h00 – Almocei minha própria massa ligth, com tomate italiano fresco, manjericão e capuchinhas, mais um copo de vinho. Já está na hora de ligar o computador pra ver o que está acontecendo no mundo.
18h00 – Respondi e-mails, me atualizei com o noticiário disponível, e a Rô tá bem, até me fez rir dizendo que eliminou um inimigo pífio, de apenas 9mm. Então botei pra rodar novamente a Salmaso e fui chorar um rio Amazonas ali na varanda:
“Quem do mundo a mortal loucura .......... cura,
A vontade de Deus sagrada .................. agrada,
Firmar-lhe a vida em atadura................... dura.
Final de semana
No domingo eu queria encher balões e fazer um bolo, mas não acho os balões e não sei fazer bolo. Nenhum.