quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Crônica de uma manhã chuvosa pós-feriado

Mesmo dormindo a gente escuta o barulho das gotinhas acariciando a janela, convidando-nos para um sono mais gostoso. Mas meu sonho é interrompido às cinco da manhã pelo choro de um bebê que hoje é a razão da minha respiração, mas são cinco da manhã, está escuro lá fora, chove de leve e minha cama está quentinha, de forma que mesmo sendo a razão da minha vida, esse bebê com seu choro me irrita e me faz ter vontade de fugir de casa para o lugar mais silencioso já encontrado na Terra (alguém sabe onde fica, by the way?). As gotinhas dizendo "dorme dorme dorme" e o choro dizendo "acorda acorda acorda". O choro vence.

Quando o apartamento começa a ficar mais claro eu me alegro: agora já não é mais tempo de ficar na cama mesmo. Troco a fralda cheia do bebê, acendo as luzes e olho para minha cama vazia e sonho: se eu não precisasse desse maldito e bendito dinheiro, hoje eu poderia passar o dia na cama ao lado de Gogol. Eu leria umas páginas até o sono embaralhar as letras do livro e quando percebesse já estaria acordando para ler um pouco mais. Faria anotações no meu caderninho vermelho, teria ideias para um texto, leria um pouco mais, dormiria, abraçaria meu travesseiro e diria "eu te amo" para a minha cama quentinha. Mas como não sou rica, não sou filha de rico, não sou esposa de rico e gosto de dinheiro para comer bem, comprar roupas caras, viajar, comprar livros, pagar cursos e boas escolas, ser atendida por bons médicos em bons hospitais e dirigir carros confortáveis, explodi a nuvenzinha com o sonho e fui tomar meu banho e dirigir meu carro até o escritório.

Antes de subir até o terceiro andar, pausa para o café com pão de queijo na cafeteria que eu adoro ter ao lado do prédio. Já sentadinha na minha mesa, me animo com os emails e com a preparação da palestra da semana que vem. É, apesar do sono, do cansaço, do dinheiro que eu preciso correr atrás, eu me animo. Não deixa de ser um bom dia para o trabalho e para o estudo do Direito. E Gogol...ah, ele pode me acompanhar no almoço.

Bom dia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário