sexta-feira, 30 de setembro de 2011

João Max

... então ele chegou: é a cara do pai, tem o jeito maroto da mãe e um olhar de quem já nasceu sabendo a herança que carrega...
É impressionante!
Mal teve tempo de sair da barriga...

Gente de verdade

Hoje pela manhã um senhor com cabelos bem brancos me disse, envergonhado, que ficou tão nervoso com a Telefônica que deu um murro no aparelho e o quebrou. Ah, eu disse, a Telefônica faz isso mesmo com a gente, a gente quebra o aparelho, chora, mete a mão na parede; não se envergonhe.

Eu saí do local onde ele estava e caminhando pela rua um sorriso se estampou no meu rosto. É isso, eu gosto de gente, gente de verdade, que fica nervosa e se desequilibra. Mas não é só isso que gente de verdade faz. Gente de verdade conta que faz.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

29 de Outubro

Tem coisas que a gente aprende na vida. Não são muitas, mas é legal não esquecer o que se aprende. Eu aprendi que ninguém consegue fingir o que não é. Que somos tão transparentes quanto água cristalina, e geralmente a única pessoa que temos a ilusão de enganar somos nós mesmos. Então eu não sou muito suceptível a falsa modéstia, elogios exaltados, humores blasès ou "posers" descolados. Aprendi que o mundo é cheinho de gente carente, louca para ser amada. E isso é a única coisa que justifica todas essas atitudes relacionadas aí em cima. Aprendi reconhecer quando não sou amada, quando sou odiada ou apenas invejada. Demorei um pouco mais para aprender que isso também não é pessoal. Que na essência somos todas almas puras, capazes da mesma intensidade de bem e mal. E que em 90% das vezes estamos apenas nos defendendo de algo imaginário, ou acreditando estar fazendo a coisa certa. Depois de muito tempo aprendi também que "a coisa certa" é subjetiva, e nada absoluta. Aprendi que, por mais que alguém queira te machucar, ela só vai te machucar se você permitir. Sendo assim, aprendi que a única pessoa capaz de violência contra mim sou eu mesma. Aprendi que nós nunca vamos entender a motivação de alguém para ser hostil conosco. Aprendi que as pessoas carregam seus passados como jóias preciosas. Aprendi que a mente é o vírus mais nocivo que já dominou a humanindade. Depois de tanto tempo, vendo a terra seca dos vasos na minha varanda, aprendi que plantas que não são regadas murcham. Chegam a morrer. E quando isso acontece, não há adubo que as faça ressucitar. Aprendi que um girassol já não se vira ao Sol quando não há mais vida ali. Melhor do que tudo, aprendi que se fala muito. E que no silêncio também se diz muito.

Hoje vou copiar...só consigo pensar nela

Aviso da Lua que menstrua
(Elisa Lucinda)


Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lacuna

Acho que não tenho sido uma boa avenca. Também, com essa dor no ombro...

Meu avô do dezenove

"Eu sou do dezenove".

Era assim que meu avô respondia à pergunta "quantos anos você tem".

Então, vôzinho, hoje você faria 92 anos. Puxa, 92 anos!

Faz muito tempo que não nos vemos, eu não sei nada de nada sobre o que acontece por aqui, muito menos por aí, se é que esse "aí" existe. Eu não sei nada de nada, vôzinho, mas sinto saudades e gosto de acreditar que você virou invisível e anda por aqui bem perto da gente, barrando qualquer maldade com as suas mãos calejadas de enxada.

Se é assim porque eu acredito que seja, chegue agora bem perto de mim e sinta o meu beijo de feliz aniversário. E pode dar aquela chacoalhada carinhosa e bruta na minha cabeça dizendo "eeee nêga" que eu não vou reclamar. Hoje não.

28 de Setembro

Chorei de ver a onça sendo resgatada. Chorei pelos policiais militares que salvaram um bebê engasgado. Chorei pela mulher saudita que só dirigia um carro. Chorei de ler email. Chorei para escrever mensagem de texto. Chorei até com os melhores momentos do esporte. Tudo isso... é TPM. Só pode ser TPM.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

No elevador

- Boa noite.
- Boa noite.
- A gente ganha cada coisa de paciente, né?
- Ãh?
- Esse chapéu. O cliente perguntou se eu queria. O que eu ia dizer?
- Não?

espelho

... porque sou um arco-íris ao contrário (como a foto que não consigo postar), brotando da terra em direção ao céu, a foto-legenda apropriada para a minha fotografia seria então: "muito prazer, estou a caminho!"
... e, depois, se não der tempo de chegar, já valeu pela metade percorrida - porque sempre é melhor do que nada...

Na vida, tenho visto de observar em silêncio, a gente deve querer tudo, sim, mas também tem que prestar muita atenção: volta e meia aquela bússola que não aceita o nosso controle sinaliza o lado oposto ao nosso desejo - e mesmo nesses lugares invertidos pode haver um paraíso; se não o que buscamos, talvez um até melhor...
   

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Segunda-feira, 26 de Setembro

Abri mão. Acabei com tudo. Zerei por completo. Agora vou tentar sumir. Dos chats, do Facebook, da internet. Difícil com a profissão que eu tenho. Invejo muito quem sabe o silêncio. Não sou boa com isso.

domingo, 25 de setembro de 2011

Como termina?

Fico transtornada quando vejo metidos endinheirados destratando funcionários, exercendo um certo "poder", na frente de todo mundo. Pode até ser que eu tenha o conflito rico x pobre, classes - nomeie como lhe agradar. Fico mal.
Ontem festa, hoje sossego culinário e, para isso acontecer e também descansar, o melhor é sair e almoçar com a família em algum restaurante. Aqui pertinho mesmo. Vamos ao shopping da comunidade.
Tendo nascido com a habilidade de ouvir, mesmo que você fale baixo, mas com intenção de ser escutado, eu vou te ouvir. Também sou curiosa, bisbilhoteira - ou seja, ouço mesmo a conversa da mesa ao lado. Nem vou tentar me desculpar.

Local: restaurante português, classe AAA.

Mesa 1 - família de quatro pessoas - ninguém com pinta de anoréxico, muito pelo contrário.
(pai, conversando com o garçom): E estes pratos, podemos dividir? Ah... os pratos são individuais? Sei... qual o seu nome, por favor? (estendendo a mão para o maitre) João? Muito prazer, sou Roberto. João, conversa lá com o pessoal da cozinha, vê o que eles podem fazer, queridão. Queremos dividir os pratos, ok? Sabe como é João, chega a segunda feira e ficamos com a consciência pesada.

...

Mesa 2 - família de quatro pessoas, o pai calado o tempo todo, o irmão mais novo (12?) enfiado no game que tem em mãos, a mãe ereta e séria (nem um sorriso sequer) e a adolescente (15?) falando ininterruptamente. O ponto alto, foi na saída.
(esposa, braços cruzados sobre a mesa, corpo levemente inclinado e olhando fixo para o marido): Você viu a matéria da Veja hoje? Viu? Carlos, eu odeio este país. ODEIO! Quero ir embora o mais cedo possível, entendeu?

...

Vallet parking - uma Cayenne (baita carrão...) parada e afoito, de um lado para o outro, o homem (com forte sotaque estrangeiro) agitava os braços e vociverava:
- Está jogando a culpa no cliente? É isso? No cliente? Chame o gerente! Chame o gerente! Estou mandando! Qual o seu nome? Como? Vou anotar. Tenho certeza que isto não estava em meu carro! Vocês fizeram isso! Vão pagar... ah, vão pagar! Parvos! São todos uns parvos!
(Ao mesmo tempo que isso - e um pouco mais - era dito, olhava ao redor para todas as pessoas que passavam. Parecia buscar platéia e apoio. A família dele? Estava em um canto, esperando o desenrolar de - provavelmente - mais um escandalo de papai...)

...

Minha cabeça estava em Campo Limpo. Será que a polícia conseguiu encontrar a mãe da criança de, no máximo, três anos que corria pelas calçadas, atravessava as ruas e  que eu quase atropelei?

A pergunta que há em mim

Quando, mas quando, vou me livrar dessa agonia que começa a me invadir nas tardes de domingo? Quando criança era a zebrinha do Fantástico anunciando o resultado da loto que me anunciava que a graça estava acabando, mesmo sabendo que no dia seguinte eu iria para uma escola onde me sentia muito acolhida.

Depois era o fim do Domingão (bom, esse sempre daria agonia, mesmo que fosse Sabadão do Faustão), seguido do Fantástico (sempre lá anunciando a tragédia), mesmo que no dia seguinte eu fosse pra um trabalho que gostasse.

Hoje não ouço Faustão nem Fantástico nem Pânico nem sei mais que porcaria da TV brasileira, mas a agonia do domingo à tarde, ah, essa continua.

Um dia. Nessa semana.

Eu fiz. De novo. Bolo de chocolate dessa vez. Comprei os produtos, escolhi a dedo. Aqueci o forno. Tive certeza de que estava tudo impecável. Conclusão da vez? Eu não sei fazer bolo. Nenhum, nenhum. Esse transbordou como um vulcão. Espirrou por todo o forno, escorreu por partes que eu não sei como recuperar. A parede de azulejos ficou marrom. Da fumaça que escapou por trás. A cozinha toda cheira a queimado. Eu sou a pior dona de casa da História. Estou frustrada. Tinha acabado de comprar um livro com receita de cupcakes. Sonhava em presentear amigos e receber elogios pelos meus dotes culinários. A vida nunca sai como nós gostaríamos.

Note to myself: Lembrar de, nas próximas vezes, testar receitas na véspera do dia da faxineira. Ou comprar um fogão novo.

sábado, 24 de setembro de 2011

A literatura

Sábado. Marido viajando. Filho com febre. Prédio sem energia. Frio e chuva fora de casa. Oficina de escrita. Café e literatura. Calor dentro de mim.

"A escrita te salva", by minha terapeuta.

24 set - after some time

Começando a querer voltar à vida. E aí, avencas queridas, próximos plantios?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ces't la vie

... pertinho de uma nova sexta-feira, depois de muito tempo, só sei dizer que vou morrendo e aprendendo...

O mundo é uma vírgula.

Entrou na vida dela sem querer , e sem querer desapareceu. Hoje numa esquina ensolarada , anos e anos depois , ele apareceu. Acenou . Ela acenou de volta. Ele desapareceu ... Rd

Um dia bastará?

Não basta sangrar uma semana por mês desde a adolescência quase infância.
Não basta o sangramento ser precedido por uma batalha de hormônios dentro do seu corpo e te levar a uma tristeza suprema.
Não basta o sangramento ser acompanhado de dor de cabeça, cólica e pressão baixa.
Não basta ter um corpo regido por hormônios.
Não basta ter que arrancar os pelos do corpo (e as entranhas) com cera quente.
Não basta parir e ficar com os peitos e a bunda murchos e uma barriga permanente de quatro meses de gestação e ainda ter que aguentar o marido olhando pros peitos e bundas duros e barrigas secas das colegas de trabalho.
Não basta ter que viver sob a ditadura da calça número 36.
Não basta ter que fazer exames ginecológicos e ainda ouvir o médico perguntar se você está se sentindo bem.
Não basta ter que ajudar no orçamento doméstico, cuidar da casa e/ou coordenar a empregada.

Não, não basta. Ainda inventaram a mamografia!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Recado pra você

Ah, pare de se ofender com qualquer coisa, quase ninguém está preocupado com você. Pare de achar que você é especial e diferente, todos somos. Pare de achar que você é um gênio não descoberto, você não é. Pare de achar que as pessoas esperam algo de você, como eu já disse, quase ninguém está preocupado com você.

sábado, 17 de setembro de 2011

Sábado e Schulz

Eu vejo da janela que o dia me convida a ir para fora. Está na mistura exata do calor e do frio. A luz não queima, abraça. Está claro para que todos os detalhes da cidade possam ser enxergados, desde que queiramos. As folhas da palmeira são acariciadas. Tudo isso está aqui na minha frente, na janela que chamo de minha, mas estou perdida em Bruno Schulz.

Mala. Ama-la. Lama.

Toda viagem é o mesmo martírio.  A partir de dois dias de viagem, independente se irei de carro, avião ou teletransportada, encaro a angústia de separar as roupas que irão me acompanhar.
Detesto preparar o caixote preto de rodinhas. De-tes-to! O planejamento necessário para organizar sapato-escova-meia-calcinha-blusa-calça é digno de planilha excel. Sou péssima em excel. E tem mais! Como se já não bastasse esta organização toda, a marvada ainda me provoca... Ô se provoca! Quieta, em seu canto, aguardando "apenas" o necessário, ela também me mostra que estou acima do peso. Besta. Nem vou me dar ao trabalho de explicar. As meninas irão me entender. Os garotos farão tsc tsc tsc. E eu... vou fechar a dita cuja que já está tarde.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

10 notas de uma manhã na Paulista


1. A moça de saltos apressados nem percebeu que atropelou um carrinho com uma criança de 2 anos.
2. O feixe de luz que se abriu com o sorriso da mulher desconhecida que me observava dar um biscoito de polvilho para uma criança permitiu que o sorriso do homem aristocrático de cabelos brancos também me invadisse e eu continuasse a caminhar, só que sorrindo.
3. Rua Alameda Santos, conhece?
4. É possível seguir esquecendo que se ama?
5. O grupo de crianças aprende sobre os bandeirantes ("heróis ou vilões?") em frente à estátua do Anhanguera, no Parque Trianon.
6. Rua Itapeva, conhece?
7. Acho que uma imitação de um Louboutin anda pela Paulista.
8. Impossível entrar na Livraria Cultura e sair sem um livro novo. Pelo menos para mim é.
9. Em cada banca de jornal uma manchete. Perdi a conta de quantas são.
10. É possível seguir fingindo que não se ama.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Paciência

Nasci desprovida de paciência nessas seguintes acepções, segundo o Aulete:

1) Qualidade do que ou de quem é paciente;
2) Virtude que consiste em suportar os males e incômodos sem reclamar, sem se revoltar ou irritar;
3) Virtude de saber esperar com calma.

Sou tão o contrário da pessoa paciente que já me revoltei e me irritei só do Aulete dizer que esperar com calma e suportar os males e incômodos sem reclamar é uma virtude.

Não sou paciente e não quero ser. Prefiro aprender a lidar com a minha inquietude e a minha ansiedade, sem deixar de ser impaciente. Será uma lição possível?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

#vocenoparlamento: participe e escolha agora as prioridades para São Paulo.

#vocenoparlamento: participe e escolha agora as prioridades para São Paulo.: Consulta Pública com o objetivo de priorizar as áreas de atuação do poder público.

Preguiça

Chegaram as minhas férias - e com a ajuda de uma avenca, nada louca e muito atenta - trabalhei no dia certo e na hora certa. Durante as férias. Já passou, ufa... O que veio em seu lugar, foi um dolce far niente que quase, eu disse quase, me enche de culpa. Ficar à toa, morgar, fazer nada, minhocar. Estou descobrindo que "fazer nada" é algo inexistente. Quem disse que isso é possível? Pode ser que nada se produza enquanto algo esteja sendo feito. Mas fazer nada, isso não existe. Impossível. Ainda bem, mesmo que improdutivo, é muito bom sentir a vida fluindo, acontecendo aqui... bem pertinho de mim.

Melancholia

Melancholia grudou em mim, me engoliu, me absorveu. Não me deixou dormir, mas me fez levantar disposta. Estou cheia de um silêncio acolhedor. Sei que flutuo, mas vejo os meus pés no chão. É tudo tão grande lá fora, mas eu já caí dentro de mim. E também é assustador.

Mas não, não pense que estou triste, prostrada ou melancólica.

Melancholia é vida. Melancholia é linda.

14/09 eva

Avencas loucas, insanas, dementes, trêmulas, criativas, nervosas, elípticas, protestantes e lindas. Quanto silêncio....

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Memória

Ontem, por causa dos 10 anos do "11 de setembro", ouvi e li a opinião de várias pessoas a respeito do assunto, mas já à noite, final do dia 11, ouvi uma pessoa dizer "ah, agora os americanos vão ficar como os judeus, só falando no Holocausto" e outra que achava que "isso já foi, já passou, não tem mais que falar no assunto".

Pode parecer bobagem para alguns, mas não consegui dormir direito depois de ouvir isso. Ontem, eu só comentei que era muito fácil para nós, sentados num confortabilíssimo sofá, com toda a família reunida, falar da dor dessas pessoas. Ninguém naquela sala sabia o que era perder alguém amado numa guerra ou num atentado terrorista.

Mas eu quero dizer mais.

Apesar de ter uma natureza saudosista e melancólica, tento não viver do e no passado. Mas, alguns fatos a gente não pode esquecer. Nós não podemos nos esquecer de um grupo que, por diversas razões (e nenhuma interessa), jogou dois aviões em duas torres comerciais, matando milhares de civis. Assim como não podemos nos esquecer das bombas jogadas pelo país com as torres caídas em Hiroshima e Nagasaki. E não, não podemos nos esquecer dos milhares e milhares de judeus mortos em câmaras de gás em campos de concentração. Não podemos nos esquecer de Mao, Stalin, Hitler, Mussolini, Franco. Não podemos nos esquecer das ditaduras! Não podemos nos esquecer da África, não podemos nos esquecer dos curdos, da Inquisição, do Vietnã, de nenhuma guerra.

Não esquecer é o primeiro, o primeiro e pequeno passo, para tentarmos não cometer mais atrocidades contra o ser humano. Se hoje já evoluímos nesse sentido, e evoluímos, é só porque não esquecemos.

domingo, 11 de setembro de 2011

Morte em setembro

Quero morrer numa tarde como esta, branda e de sol,
uma tarde de plena solidão...
E quero expirar como a vela cuja chama,
cada vez mais diminuta, se apaga de mansinho.

Quero morrer assim inerte e calada
numa tarde de setembro,
em meio a livros e histórias.

Quero morrer leve como a brisa,
ter as veias mornas, sem pressa,
até atracar para sempre
no silêncio estático da escuridão.

sábado, 10 de setembro de 2011

Matizes

Hoje é um daqueles dias em que não sou. Uma bolha que vai descendo pela garganta até o estômago e vai para os pés e mãos lamentando que sejam tão curtos pois ela ainda não quer sair. Falta me agoniar um pouco mais. Eu achava que tinha acordado sendo. Eu achava que sabia, mesmo tendo a certeza de que não aprendi nada até hoje.

Acho que é porque o dia acordou cinza e frio e agora está amarelo e quente.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O afinador de pianos

Passos silenciosos no imenso vazio. Acordes de uma sinfonia invisível.

O piano desnudo e suas notas. Aos poucos uma partitura é escrita.

Ofício de silêncios, precisão e harmonia. Na escuridão ele desaparece . Rd

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Doze meses

Zonsa. É assim? Sonsa? Sonza? Zonza? Tonta, pronto. Fiquei assim, disse prá mim mesma que estou de férias. Minha chefe acreditou. Trabalhei hoje. Férias? Vai prá onde? Lugar nenhum. Preciso ir prá algum lugar para estar de férias? Se não sair não vale? Semana que vem também trabalho. Dia 13. Só podia ser. Pelo menos é quarta, deve dar menos azar do que na sexta. Sexta eu saio. Viagem? Tipo isso, mas de estudo. Quase trabalho. Volto e trabalho de novo. Dia 30. Coisa leve, mas vou usar salto e terninho. Bronzeado, nem pensar. Férias. De quem?

08 de Setembro de 2011.

Acordei no meio da noite. Intoxicação alimentar. Talvez intoxicação de mim mesma. Depois que tudo saiu, resolvi ser corajosa. Vamos ver se deu certo.

Oito de Setembro

Acredito em Deuses. Do teatro, da poesia, da literatura.

Tenho fé no encantamento. No deslumbramento.

Imersa no universo de Karl Ludwig Fey, autor que desconhecia, e acompanhada de uma trupe de 30 jovens, renovei minha insensatez.

Abençoado os Deuses, e Aqueles que me encantam com sua poesia e literatura.

Rd

Centrolécito


Eu gosto de estar no centro. Pelo menos no centro da cidade de São Paulo, entre advogados, juízes, desembargadores, promotores, bancários, funcionários públicos, comerciantes, prostitutas e pedintes. Loucos mansos e tempestuosos.

Aqui tem café por R$ 1,25 e R$ 4,75. Almoço por R$ 10,00 ou R$ 50,00. Louca mansa ensinando raiz quadrada com uma lousa no meio da rua. Outro dia parei um pouco para a lição, mas Matemática não me atrai, apesar de eu tentar ser atraída. Prefiro os sebos e as livrarias. Posso comprar uma lâmpada pela metade do preço da que é vendida - a mesma, no bairro onde moro - fora do centro. E tem o mercadinho do japonês simpático, também pela metade do preço.

O centro é feio e bonito. Alegre e triste. Limpo e sujo. Claro e escuro. Frio e quente. Pobre e rico. Velho e novo. Cheio e vazio.

Eu gosto do centro; do centro de São Paulo, pelo menos. Ele me faz sentir viva e na vida.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

07 de Setembro de 2011.

Eu sei que sou uma pessoa feia e relapsa. Vou confessar que me esqueci nos últimos dias. Hoje já estou mais velha do que da última vez que escrevi. Acordei com o sol forte entre as persianas e a paradinha do 7 de Setembro tocando embaixo da janela pela Av. Beira Mar. Comi tanta coisa que não devia hoje. Juro que posso sentir as camadas adiposas inchando nos meus braços. Estou com alergia. Meus olhos parecem ter areia e lacrimejam. Trabalhei pouco. Flertei com um ex casado pelo skype. Coisa feia! No final do dia só penso se preciso do silêncio, se vou ter o silêncio. E se talvez não seja silêncio demais.

Nos olhos do Zeca

Ele me enganou logo que nos conhecemos, aconchegadamente calmo no meu colo. Dois dias depois, em casa, ele já rosnava pensando ser um cachorrão, o que sua raça nunca lhe permitiu ser. Foi o responsável por duas ou três trocas de carpete, por inúmeras reformas no sofá e por não sei mais quantos sapatos destruídos.

Tornou-se o mais chato cachorro de uma casa onde vivem mais onze ou doze e já viveram uns quinze outros. Mas ele nos esperava na janela e velava o nosso sono. Chato ou não, era da família. E família a gente aprende a amar. Incondicionalmente.

E hoje, onze anos depois, a pergunta que nos fazemos é: terminaremos sua vida amanhã ou depois? Podemos acabar com a vida de um ser destinado, pela opinião de um homem, a só sofrer?

Curiosamente, ou não, acabo de ler que Kafka, já muito doente, poucos dias antes de morrer, disse a seu médico: "mate-me, senão você será um assassino".

É isso, Zeca, que você gostaria de nos dizer?

Sete

Estou no sétimo dia do nono mês do ano de dois mil e onze. Novidade, diz você. É verdade, concordo eu.
E aí? Adoraria responder a você, segura as calças prá não cair, mas estou muito cansada para isso. Além de ser indelicado. Não, não... nada a ver com passeatas e regas de jardins. Estou divagando demais? Sem nexo? Então você entendeu direitinho... é isso mesmo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

E aí?

Tá, é preciso esforço, suor, dedicação, até sangue. Isso eu entendi. Mas é preciso um pouco de sorte também, não?

Silêncio rádio.

Por que tão quietas, minhas avencas?

05 e 06/09 eva

A merda dos podres poderes, das autoridades nanicas é que dá vontade de cometer pequenos assassinatos. Tomorrow is another day.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Balanço

Estou com saudades da sensação de estar num balanço. Acho que era um dos únicos momentos em que eu conseguia focar no ir e vir e não pensar. Eram só as cócegas na barriga, o vento raspando no rosto, os cabelos emaranhados atrapalhando a visão, a risada que saía de mim ainda que eu não quisesse. Balançar é confiar, entregar-se, sentir, ser.

Nesse final de semana coloquei meu filho num balanço. Enquanto sorria eu via seus olhinhos focados no chão que se aproximava e se afastava, em silêncio. Mesmo tão pequeno ele sabia que uma palavra estragaria toda a brincadeira de viver. Quando parou, ele me pediu pra sentar no balanço ao lado. Não consegui. Eu estava adulta demais naquele dia.

domingo, 4 de setembro de 2011

Nada

Praticar o nada de vez em quando é muito bom.

Palavras ao vento.

Um ex-secretário de Segurança me disse alguns anos atrás que, ao lidar com a polícia, o chefe tem de vigiar o que fala, porque qualquer palavra pode ser mal interpretada, entendida como incentivo à violência. O caso inglês mostra que ele não estava enganado.

Gasolina e fogo, Guaracy Mintardi, Alias, Estadão, 9/4/11.

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,gasolina-e-fogo,768261,0.htm

sábado, 3 de setembro de 2011

Enquanto isso...

... na reunião dos "Grisalhos Anônimos":

- Oi, pessoal. Meu nome é Sylvia Beatrix - Sylvia com Y e Beatrix com X - sou casada, tenho 2 filhos meus e 2 emprestados, tenho 47 anos e sou ex-grisalha há 1 dia.

(o grupo, em coro)

- Seja bem vinda, Sylvia.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Quantos universos paralelos existem em uma cidade ? Rd

02/09 eva

Sexta feira de uma semana inesquecível. Em todos os sentidos. Muitos fatos, sentimentos, vivências. Outra dessa não vai dar.

Em ritmo de Carnaval

Olha a cabeleira dessa Syl
Será que ela é... será que ela é.. GRI SA LHA!


Olha a cabeleira dessa Syl
Será que ela é... será que ela é.. GRI SA LHA!


Será que ela é UMA VELHINHA?
Será que ela é SALOME?
Parece que ela é doidinha...
Mas isso eu não sei se ela é!

2x
Pinta o cabelo dela tan tan
Pinta o cabelo dela tan tan

repete

Devo ser bipolar...

A dor da avenca


Quero acreditar que ela estava doente ou já morta. Mesmo assim, sempre fico triste ao ver homens segurando motosserras enquanto elas atravessam troncos. Foi a cidade que chegou na árvore e não o contrário. E não fico triste só porque sou uma avenca. Eu já ficava antes de ser.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ponto de encontro.


Avencas as há que são do dia. Outras haverá que são noturnas. É na madrugada que todas se cruzam. Nessa hora sublime, porem, fazem de conta que nem se desejam.

a palavra do dia é...

... avocar . v.  1 atrair: abiscoitar, aliciar, angariar, arranjar, conquistar, conseguir, granjear, seduzir, trazer;  2. arrogar;  3. chamar: convocar, invocar;  4 (re)lembrar: evocar, memorar, recordar; 5 reanimar: despertar, recuperar, revigor(iz)ar;  6 trazer: aproximar, devolver, restituir.

Saco cheio

Devo ter despontado algumas pessoas hoje. Incomodado outras tantas. Algumas estão nem aí, nunca estarão aqui e, provavelmente ficarão procurando o seu lugar até encontrar o caixão que tudo sela. Umas poucas curtiram. Aderiram até. Certo ou errado, é sempre uma questão de ponto de vista. O que sei, é que meu saco explodiu. E não consigo ficar calada. Morro pela boca mesmo.

Setembro

No final de setembro o Sol cruza o Equador celeste rumo ao Sul. A avenca quer logo nesse início de mês cruzar seus limites rumo ao Norte. Se a avenca tivesse apenas os limites físicos como o Sol, a tarefa não seria tão difícil. Mas essa avenca é metida a besta, sô!

Hermenêutica

Tudo na vida é questão de interpretação. Ou não.