quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Nos olhos do Zeca

Ele me enganou logo que nos conhecemos, aconchegadamente calmo no meu colo. Dois dias depois, em casa, ele já rosnava pensando ser um cachorrão, o que sua raça nunca lhe permitiu ser. Foi o responsável por duas ou três trocas de carpete, por inúmeras reformas no sofá e por não sei mais quantos sapatos destruídos.

Tornou-se o mais chato cachorro de uma casa onde vivem mais onze ou doze e já viveram uns quinze outros. Mas ele nos esperava na janela e velava o nosso sono. Chato ou não, era da família. E família a gente aprende a amar. Incondicionalmente.

E hoje, onze anos depois, a pergunta que nos fazemos é: terminaremos sua vida amanhã ou depois? Podemos acabar com a vida de um ser destinado, pela opinião de um homem, a só sofrer?

Curiosamente, ou não, acabo de ler que Kafka, já muito doente, poucos dias antes de morrer, disse a seu médico: "mate-me, senão você será um assassino".

É isso, Zeca, que você gostaria de nos dizer?

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