quarta-feira, 2 de novembro de 2011

E nesse dia de finados...

A foice da morte já me arranhou de várias formas. Na primeira foi de leve, bem de leve, só para mostrar que ela existia. Aos 9 anos perdi meu cachorrinho querido. Acho que é a melhor forma de uma criança aprender a lidar com essa que nos espreita desde o nascimento, fazer o quê...

Depois ela passou a foice pesando um pouco a mão, mas ainda dentro da cartilha. Levou meu avô tão amado. Desde que eu aprendi o que era a morte, eu imaginava, ainda criança, meu avô morto e planejava me esconder dentro do caixão com ele, de uma forma que ninguém me visse, para que eu pudesse ficar com ele para sempre. Hoje me pergunto se esse tipo de pensamento é normal para uma criança, mas essa é uma outra história. Eu não fui nem no velório nem no enterro e só chorei sua morte uns dois anos depois. Sinto tantas saudades dele.

Aí um dia a morte veio sem dó e fincou a foice no meu coração e desceu rasgando o que tivesse pela frente até os dedos dos pés. Se tivesse mais espaço, ela continuaria. Fora da cartilha, de surpresa, para mostrar sua força, para mostrar que contra ela ninguém pode nada. Enterrei um namorado que tinha acabado de completar vinte anos, acho que a pessoa mais risonha que conheci até hoje. Uma delícia!

Mas para essa grande dama poderosa não há obstáculos e lá vem ela dilacerando o que sobrou ao levar minha grande, querida, amada, melhor amiga. Coitada, até hoje ela escuta meus lamentos! E participa das minhas alegrias.

Depois meus avós e outras pessoas queridas.

Não tem como não lembrar deles nesse dia de finados, não tem como não lembrar dessas pessoas todos os dias, algumas delas todos os dias mesmo. São pessoas tão presentes na minha vida quanto minha mãe que está aqui agora ao meu lado, brincando com meu filho.

...eu penso como viver é lindo.

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