segunda-feira, 28 de novembro de 2011



Estava à caça de um lugar para trocar baterias de
relógios e encontrei este quase quiosque, do Seu Ismar, em Pinheiros. Parede
cheia de cucos de todos os tipos, espaço mínimo para trabalhar, mãos precisas
que não olham para pegar a ferramenta. Diferencia as chavinhas de fenda no tato
e reconhece a certa só de ver o relógio. Respondeu com segurança que poderia
trocar todas as baterias, lógico, independente da marca.
Fiquei olhando, encantada, sem perceber o tempo passar. O
filho dele, Rafael, garotão com cara de 19 anos, aliança brilhando na mão
direita, está lá claramente como aprendiz. O pai pega um relógio, examina,
chama o filho e diz "este você faz", e entrega o serviço facinho ao
garoto, que desajeitadamente abre e troca a bateria. Impaciente mas educado,
fico pensando o quanto ele escolheu este trabalho. Enquanto isso, o pai vai
trabalhando os mais difíceis. "É, este aqui é China, os outros são todos
bons". "Este não tem ponteiro de segundos, precisa esperar para ver
se o minuto muda", revela. Pega o próximo, tira os óculos, coloca o óculo
de alumínio no olho, examina o parafuso. A mesinha, as ferramentas, as gavetinhas
de guardar pecinhas devem ter a mesma idade do exercício dele, 30 anos.
Seu Ismar mostra orgulho e amor
no que faz, é uma delícia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário