domingo, 14 de agosto de 2011

No Dia dos Pais não consigo escrever sobre borboletas

Eu devia ter uns cinco anos. O vizinho resolveu fazer uma sessão de cinema. Na época, com projetor de filme mesmo. Em cartaz: Super Homem. No caminho para lá, uma chácara a uns quinhentos metros da nossa, meu pai me contou um segredo: o filme que iríamos ver era sobre a história dele. Eu olhei para ele assustada e ele confirmou: sim, ele era o Super Homem, mas como todo bom segredo, não podia ser dividido com mais ninguém. Prestei atenção naquele filme mais do que qualquer outra criança presente naquele salão de festas, quietinha e com um sorriso interno. Lembro que depois dessa revelação passei muito tempo olhando para os meus avós paternos com um pouco de pena, por serem pais adotivos, e admiração, por terem sido escolhidos para o papel de pais do Super Homem. Muitas vezes olhei para a minha avó querendo que ela entendesse o meu olhar de "eu sei o seu segredo", mas ela nunca entendeu. Ah, meu pai, como é bobo. Se ele soubesse que os poderes que ele tem são tão mais importantes, bonitos e grandiosos do que os do Super Homem.

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