sábado, 20 de agosto de 2011

saudade

O frio depois da neve era alegre porque o sol tirava as pessoas de casa e na rua elas aproveitavam para matar a saudade da vida. O mudinho aparecia serelepe, o pobrezinho, um brinquedo na mão das crianças se o vovô não estivesse por perto para dar siso na gente. Meu avô era o padrinho porque lá em Charrua foi só ele que se preocupou com os filhos nascidos com defeito de um casamento entre primos, daí que aqueles estranhos eram quase parentes. Então, a gente trocava a brincadeira quando o vovô aparecia, mas andar de bicicleta na neve derretida também não prestava. Tinha criança que se machucava de sair sangue e as mães gritavam chamando todo mundo para dentro das casas. Já era hora de aquecer o frio com outras coisas. E eu sempre pedia chocolate. (MZ)

(texto revisado, que nasceu do exercício feito em aula hoje, no "Cinto Contos"; a Noemi analisou o conto "Sorôco, sua mãe, sua filha" do Guimarães Rosa)    

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